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Mas eu não tenho nenhum instrumento…

Muitas vezes, ao estimular uma pessoa a tocar música sempre que possível, escuto a seguinte resposta: “Mas, Flávia, eu não tenho nenhum instrumento musical em casa.” Então, vamos falar um pouquinho a respeito desta “limitação”?

Para começar, gostaria de lhe convidar para uma viagem no tempo ao início da humanidade, quando temos registros do surgimento dos primeiros instrumentos musicais. Desde o começo dos tempos, o ser humano, assim como alguns insetos, pássaros, mamíferos e outros animais, apresentou a necessidade de produzir sons organizados. Esta exploração sonora começou com os sons do próprio corpo, passando pela descoberta das sonoridades dos diversos materiais e culminando com a modificação destes materiais para a construção de ferramentas para a produção de sons: os instrumentos musicais. Os primeiros instrumentos tinham como característica principal, a comunicação com o mundo dos espíritos nas práticas dos primeiros rituais religiosos. (ARAÚJO, 1999)

Na pré-história, o homem adquire consciência musical que nada mais é do que a noção da sua própria capacidade de produzir sons através da voz, do corpo e da manipulação de objetos. (ROCHA, 2019) Desde esses remotos tempos, a atividade humana avançou o conhecimento tecnológico a fim de melhorar o lado prático da vida, mas também para contemplar a arte e o entretenimento (FERNANDES, 2019). Sendo assim, vemos que a produção sonora e musical sempre esteve presente, antes e depois da invenção do primeiro instrumento musical.

Mas por que estou falando do homem pré-histórico agora? Simplesmente porque estão na nossa essência, o fazer musical, a curiosidade e a resolução de problemas. Os primeiros instrumentos musicais surgiram desses três fatores e me indago se não devemos continuar aplicando essas qualidades humanas no nosso dia a dia? Não é porque já existe uma grande quantidade de instrumentos musicais que outros tantos mais não podem ser inventados. Assim como os primeiros foram feitos com os materiais que o homem tinha à mão, nós podemos também adaptar os diversos utensílios que possuímos, a fim de transformá-los em ferramentas excelentes para se fazer música.

Dentro da nossa casa, é infindável o número de materiais disponíveis para a criação de instrumentos musicais não convencionais. Quem nunca batucou em uma mesa ou usou um par de canetas como baquetas? Panelas, baldes, colheres, potes e muitos outros materiais podem se transformar em elementos musicais interessantes.

Sendo assim, gostaria de lhe convidar para que faça uma investigação em casa. Convide toda a família para descobrir maneiras de se fazer música com os objetos e materiais domésticos. Você irá se surpreender com as ricas possibilidades que irão aparecer. Experimente fazer uma banda com esses itens. Tenho certeza de que irá se divertir e se libertará dessa crença limitante de que não é possível fazer música sem a presença e o domínio de um instrumento musical convencional.

Para lhe inspirar, coloco aqui embaixo, um vídeo de trecho do nosso programa de Musicalização para Famílias, em que o professor Marcello constrói uma bateria com utensílios domésticos e faz um som com o restante da nossa equipe. Eu adorei o resultado. Veja e me diga se gosta? Se quiser, nos envie um vídeo da sua banda familiar tocando alguma música com objetos da casa… ficaria muito feliz em poder ver o som que conseguem tirar.

Aguardo você.

Flávia Cappelletti

Referências bibliográficas:

ARAÚJO, Sávio. A evolução histórica da flauta até Boehm. 1999.

DE PERCUSSÃO, HISTÓRIA DOS INSTRUMENTOS SINFÓNICOS. Prof. Ney Rosauro-UFSM HISTÓRIA DOS INSTRUMENTOS SINFÓNICOS DE PERCUSSÃO.

FERNANDES, Adalberto Marciano. História da humanidade na visão de um Símio. Viseu, 2019. ROCHA, Marisa Isabel Girardin. Uma história dos instrumentos musicais: contributos para o desenvolvimento de um guião de uma exposição. 2019. Tese de Doutorado.

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